quarta-feira, 7 de julho de 2010

Depoimento (meu TOC)

Agora chegou a vez deu falar um pouco sobre mim. Bem eu me lembro de ter TOC desde os 5 anos de idade, mas talvez tenho até antes, é que lembro a partir daí. Aos 5 anos já passava horas no banheiro tendo pensamentos esquisitos, contava meus passos, pulava linhas, não passava por debaixo de nada sem retornar, fazia tudo que fazia de um lado também do outro lado, piscava muito (era um TIC nessa idade), ía ao banheiro toda hora, medo de fazer xixi na frente dos outros, pois já havia ocorrido comigo aos 4 anos na escola, mas era toda hora mesmo, quando assistia TV ía em todos os comerciais, na escola ía antes de entrar na sala, tinha medo de pedir a professora, então só pedia se relamente tivesse vontade, ía várias vezes durante o recreio, pois passava metade do recreio ou mais comendo, pois sempre comi com rituais e demoradamente, depois o tempo que restava pra brincar eu corria um pouco sentia sede, bebia água e ía ao banheiro, corria mais um pouco, bebia água e ía ao banheiro. Ou seja, o tempo voava, eu quase nem brincava. Essa parte da escola eu me lembro mais aos 6 anos de idade. Eu também contava tudo, quantas portas tinham na escola, quantos quadrados de piso tinha numa sala de aula, quantas mesas e cadeiras tinham no refeitório, e isso não era só na escola, era em todo lugar, inclusive em casa. E aí ficava repetindo as quantidades várias vezes como se não pudesse esquecer, se eu esquesesse repetia tudo no dia seguinte, e no outro, fazia isso quase sempre. Contava quantas meninas tinham na sala no dia, e quantos meninos, quantas meninas ou meninos a mais, a menos. Fazia contas o tempo todo, quando aprendi a multiplicar até me facilitou as contagens, por isso sempre fui ótima em matemática. Sempre que eu girava pra um lado tinha que girar pro outro, se andava prum lugar voltava de ré pra não mudar a minha posição (direção), mas isso era leve na minha infância, pois na hora da brincadeira não me lembrava de pular linhas, nem era invadida por pensamentos estranhos, mas as vezes não brincava ficava sozinha inventando minhas próprias fantasias, pensamentos, histórias, enormes, com início, meio e fim, geralmente trágicas, e eu vivenciava essas histórias, falava minhas falas, as falas dos outros personagens, tudo isso. Se era uma grávida colocava um travesseiro de baixo da blusa, se estava num ônibus ficava na beliche segurando no estrado da cama de cima, se estava passando mal, contraía meu abdomêm e fazia como se realmente estivesse sentindo as contrações, na ora do parto chegava a gritar, quando estava sozinha em casa, geralmente era trágico, então neste caso o parto era dentro do ônibus e ninguém ajudava, e era complicada a situação, a grávida estava em pé no ônibus, ninguém deu lugar pra ela sentar, o motorista não ía para um hospital ajudar a moça... alguns pensamentos era que meus pais morriam, e eu me descobria neta de outra pessoa, que era adotada, algo assim, variava, aí eu descobria uma biblioteca onde havia um negócio que me deixava doente sem estar doente, e eu tomava aquilo, tipo injeção e ficava de cama, coisas assim, mas eu não queria que meus pais morressem nem que essas doideras fossem verdade, cada vez mudava a pessoa que era minha mãe ou pai, e os problemas da história, as vezes eu tinha câncer, ou doenças estranhas, as vezes eu morava numa cidade de crianças vivendo como adultos, com barrigas e bebês de brinquedo que pareciam reais. Esses pensamentos e vivências existem até hoje, mas foi agravando conforme o tempo, as vezes me imagino várias formas de me suicidar, me vejo doente, vejo morte de meus pais, e fico com medo que por tanto pensar se torne verdade e choro muito. Geralmente isso ocorre quando estou no banheiro, mas não é só por isso que demoro no banheiro. Além dos pensamentos tenho manias e rituais, sempre tomo banho do mesmo jeito, sempre que desligo o chuveiro tem que cair 3 gotas na minha cabeça, se não eu bato no cano no chuveiro, religo o chuveiro até contabilizar 3 gotas. Só pego coisas como jujuba, biscoito, delicado, bala, pipoca, docinho, sendo múltiplo de 3 e preferência 9, pois é 3x3, ou números que eu chamo de inteiros, na verdade são múltiplos de 5, 10, 15, 20, 25... Nunca pego 2 coisas, prefiro pegar uma, e depois de passar um tempo mais uma. Se contabilizo oito em alguma contagem é sorte, pois 8 é meu número da sorte, se é 7 tudo certo, mas ok mesmo é se for 3, 9, ou múltiplo de 5. Eu piso na sombra de um poste com um pé, tenho que pisar com outro, geralmente tenho que subir e decer das calçadas com o pé direito, mas se fizer com o pé esquerdo tenho que repetir com o pé esquerdo pra concertar, se eu pisar numa linha ou folha com um pé, tenho que pisar com outro pra concertar. Faço palavras estranhas, frases inexistentes como "tiga biga lô" e fico repetindo de um lugar a outro, tipo da casa até o trabalho e pisando no ritmo, isso me cança muito, cança o corpo e a mente, cança a boca, fica seca. Se erro algo com um pé e não consigo concertar de jeito nenhum, tipo pisei num buraco e não há outro buraco pra pisar, o pé que não pisou tem que bater no chão com um baque bem forte pra descontar. Se eu arrastar um pé ao andar ou tropeçar, tenho que repetir com o outro, se alguém tocar em mim de um lado, tem que tocar do outro, mas se não tocar eu fico socando o outro lado, por exemplo do ombro e me dá muito nervoso, raiva, angústia. Desde criança eu catuco os cantinhos das unhas, quando eu tinha uns 8 anos, eu acho, caiu a unha do meu dedão da mão, eu dei um treco, não sabia que unha nascia de novo, e não acreditava quando minha mãe me adivertia que isso iria acabar acontecendo, até hoje vivo com os dedos inflamados por causa disso, puxo a pele até sangrar, depois aperto pra sair o púz (desculpem-me não sei escrever esta palavra), minha mãe briga comigo, me faz colocar o dedo na água muito quente, eu já descobri que o que melhora é gelo. Mas agora não faço isso à alguns dias, pois minha psicóloga disse que se eu me machucar ela fica sem me atender um dia, então to tentando me controlar, mas é muito difícil, quando me seguro pra não fazer uma mania, outras ficam mais fortes e os pensamentos também almentam. Eu de tanto pensar em suicídio, já me machuquei várias vezes. Eu soco minha boca até sangrar, passo fio-dental até ele ficar coberto de sangue, já fiz até com 3 fios-dentais de uma só vez, eu mordo minha própria boca, faço feridas, aftas, já peguei tesouras e cortei minha barriga 2 vezes, e outras coisas assim. Ainda conto coisas, ainda ando esquisita, quando sozinha então me liberto e faço tudo que meu toc manda. è difícil viver assim, as vezes eu quero estudar mas não posso pois tenho que fazer outra coisa que meu toc manda, isso quando eu não saio completamente de órbita ao estar escovando os dentes, e quando acordo passou-se meia hora e eu nem percebi, aí me atraso, e fico nervosa, pois sou perffecionista e detesto atrasos, eu gosto de chegar cedo aos lugares, não aceito tirar nota baixa, ou mais baixa doq ue alguém da mesma turma, quero sempre ser a melhor, ser perfeita, detesto cometer erros, e me puno quando erro. Mas nada disso faço porque gosto, faço porque é incontrolável pra mim. Depois numa nova postagem continuarei contando sobre meus TOCs, acho que já escrevi bastante.

2 comentários:

  1. è bom acrescentar que ano passado quando eu deixava de fazer um toc, tipo andar sem pular as linhas porque estava com muita preça, minhas pernas começavam a coçar e ficavam vermelhas e empoladas, o mesmo ocorre quando estou muito ansiosa com o meu braço, ele empola, fica vermelho e coçando. Ainda bem que isso quase não ocorre mais. E os pensamentos são tão ruins, que as vezes me machucar dói menos e alivia a dor de ter que viver com TOC e com um pai alcoólatra, uma irmã super controladora e uma mãe ansiosa ao extremo e controladora. A dor física é menor que a dor da alma.

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  2. Olá, vc tem skype? Me identifiquei muito com seus depoimentos e não tenho ninguém pra dividir esse peso na vida real. Meu skype é andrefk2

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