segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma idéia louca da minha cabeça!

Uma vez tive uma diéia doida de que escola especializadas em certos transtornos, síndromes, etc. seria bom pois evitaria o preconceito pelo menos durante os estudos, e poderiam ser dadas dicas de como se viver melhor em sociedade, e seria uma forma das pessoas não se sentirem rejeitadas em pelo menos um lugar. Mas minha professora, me alertou, imagina uma turma só de hioerativos com uma professora também hiperativa, pegaria fogo! Concordei com ela, de que a escola não seria o local ideal pra isso ainda, mas acho que deveria haver um especialista em cada escola ajudando na inclusão, conversando com os alunos, pais e professores para aceitar os outros como eles são sem julgar e sem desrespeitar. Este sábado fui numa reunião da Riostoc novamente, lá sim é o local ideal pra se juntar pessoas com TOC e Síndrome de Tourette, pois lá podemos ser nós mesmos, somos aceitos, respeitados e encontramos pessoas com nós, que se afinam com a gente, é excelente. Mas neste sábado tive a certeza de que minha idéia era mesmo doida, estenderam nossa reunião por mais uma hora porque foi muita gente, e imagina todos somos ansiosos ao extremo, todos queriam falar ao mesmo tempo, foi uma loucura, mas até que a conseguimos por ordem e todos falaram, mas percebi que se juntasse todos numa sala de aula pra estudar, podia dar certo, mas também podia dar errado, imagina a semana de provas, ou um debate, seria loucura total, de tanta gente ansiosa... rsrsrrs
Quem é novo navegue pelo blog todo, tem vídeos, trecho de livros, depoimentos e muita informação. Felicidade pra tds!!!!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cap.2 do livro Mentes e Manias de Ana Beatriz Barbosa

CAPÍTULO 2

Fixação, seus olhos no retrato

Fixação, mera assombração

Fixação, fantasmas no meu quarto.

”Fixação” Kid Abelha


QUEM PENSA DEMAIS VIRA FILÓSOFO OU SOFRE: A QUESTÃO DAS OBSESSÕES

Muitos de nós sentimos um leve incômodo quando deparamos com um sapato virado de cabeça para baixo. É quase impossível que não nos venha à cabeça a idéia de que algo pode acontecer com nossa mãe. Embora achemos ridículo e deixemos o sapato virado do mesmo jeito, o próximo pensamento que pode nos assaltar é o de culpa, de que não nos importamos com nossa mãe, afinal estamos dando mais importância ao raciocínio lógico do que ao significado do famigerado sapato de sola para o ar. Por fim, com um resignado ”tá bom, não custa nada”, acabamos desvirando o sapato e explicamos para nós mesmos, a título de consolo, que isso não passa de ”desencargo de consciência”.

Na hora de dormir, podemos passar de novo por uma situação parecida se percebermos que a porta do armário está aberta. A gente não quer sair debaixo da coberta, mas de vez em quando espicha o olho e dá de cara com a porta escancarada e tudo escuro lá dentro do armário. O que nos faz ficar espionando a inocente fresta é a lembrança de que ”porta de armário aberta chama...”. Mas você não quer pensar na palavra e nem espera para concluir a frase. Sai do aconchego, levanta-se, fecha a porcaria da porta e convence a si mesmo que o motivo que o levou a fazer isso é impedir que entrem baratas em seu armário.

O fato é que sempre estamos imersos em numerosos pensamentos. Pensamentos bons, pensamentos ruins, bobos, grandiosos, de todos os tipos. Muitas vezes nem estamos conscientes deles, mas nós os temos o tempo todo. E é comum também termos pensamentos que nos incomodam, pois não condizem com nosso modo de ser, de pensar e de agir. Assim, acreditamos que não deveríamos tê-los ou que é errado tê-los, como se isso fosse indicativo de alguma falha de caráter sufocada ou de que temos um ”lado negro” escondido. Por exemplo, imaginar-se enchendo de algodão a boca de seu irmãozinho recém-nascido que não pára de berrar é um pensamento que pode vir a sua cabeça se você é um

adolescente impaciente que precisa acordar cedo no dia seguinte e ainda por cima não perdoa os pais por tê-lo desbancado da posição de caçula.

É normal virem esses pensamentos doidos a nossa cabeça de vez em quando, meio agressivos, meio catastróficos, dando representação a nossos medos mais escondidos ou, no caso acima, não assumidos desejos de ”vingança”. O problema está em imaginar que não deveríamos tê-los de modo algum, que é proibido tê-los ou que eles podem trazer conseqüências funestas, tornando-se realidade. Se pensamos assim, o tiro sai pela culatra: quanto mais evitamos tais pensamentos ou nos preocupamos com eles, mais presentes e insistentes eles se tornam em nossa mente. Não querer pensar em algo já nos faz pensar neste algo. E, por dar tal importância a esses pensamentos, aumentamos muito o risco de tê-los repetidamente. Se existisse um ditado para isso, poderia ser algo assim: ”Quem seus pensamentos espanta, mais os acalanta”.

Para testar esse ditado, você pode fazer o seguinte: feche os olhos e durante trinta segundos force-se a pensar em um camelo no deserto (você pode acrescentar palmeiras, cactos, pirâmides, mas o importante é o camelo). Obrigue-se a pensar só no camelo. Pode ser que durante esses trinta segundos outros pensamentos tenham invadido sua mente, isso é natural. Mas não deve ter sido tão difícil. Agora faça de forma diferente: feche os olhos e, durante trinta segundos, pense em qualquer coisa, menos no camelo. É proibido pensar no camelo.

Desta vez você sentirá que foi mais difícil. Só pelo fato de tentar afastar o pensamento do camelo, acabamos sem querer tornando-o mais intrusivo e persistente.

Foi o que aconteceu com Amaro, administrador de empresas de 49 anos, quando tentava afastar o pensamento do... Bem, ele vai partilhar conosco sua experiência:

Quando eu era adolescente, ficava supernervoso quando começava a tocar ”Sympathy for the devil” — algo como afinidade pelo demônio ou simpatia pelo demônio —, música dos Rolling Stones.

Na época eu estava completando o catecismo e achava terrível ouvir uma música daquelas. Mas não ficou só aí. Depois passei a ter medo de simplesmente pensar na música e cheguei a um ponto em que qualquer outra coisa me remetia a devil, como ver uma luz vermelha ou algum bicho que tivesse chifres. Daí, já tinha virado um martírio se eu visse um carro freando e se acendesse uma luz vermelha ou se, na TV, passasse algum desenho ou reportagem com animais.

E esses são só alguns exemplos, porque muitas outras coisas mais eu associava àquela imagem, como o número 5, por causa do tal do pentagrama, A estrela de cinco pontas é um símbolo místico:com a ponta virada para cima, representa o bem;com a ponta virada para baixo, simboliza o mal... Adivinha em qual eu pensava? Olha que viagem! E, cada vez que me vinha à cabeça, e isso acontecia toda hora — porque descobri que, quanto mais a gente tenta não pensar, mais a gente pensa —, eu tinha de repetir mentalmente os nomes de alguns anjos: Gabriel, Miguel, Rafael... Eu achava que ia acontecer alguma coisa ruim, mas, puxa, ruim era passar por aquilo. Agora estou tranqüilo em relação a isso e — quer saber de uma coisa? — encho a boca quando vou mandar alguém ”para o diabo que o carregue”.

Idéias indesejáveis invadem nossa mente

O ser humano tem, em maior ou menor medida, a necessidade de manter as coisas sob controle, ainda que minimamente. Muitas coisas, porém, estão fora de nosso controle — e o conteúdo de nossos pensamentos é uma delas. Engajar-se numa luta inglória com derrota garantida é caminhar a passos largos para o desconforto e até para o adoecimento. Quando tentamos manter estrito controle sobre nossos pensamentos, estamos nos expondo ao risco de vê-los transformados em obsessões.

Para que os pensamentos sejam considerados obsessivos, eles devem ser desagradáveis, intrusivos, indesejáveis e repetitivos. Quem os tem não os quer e, embora saiba que jamais concordaria com o conteúdo desses pensamentos obsessivos ou faria o que eles sugerem, sente uma pesada culpa por tê-los. Como exemplo, poderíamos pensar naquele adolescente enciumado do

irmãozinho de que falamos há pouco, que ainda por cima é alvo de chacota no colégio por parte de um colega que adora pegar no seu pé. Pode passar pela cabeça dele que seria melhor que esse colega estivesse morto ou como seria glorioso jogá-lo escada abaixo. Pensamento tétrico, não? O adolescente talvez sinta um pouco de alívio de suas frustrações fantasiando sua vingança espetacular e depois se desligar daquilo e voltar a sua rotina sem maiores problemas. Mas ele também pode começar a remoer a preocupação de que, se está pensando naquilo, é porque talvez seja mesmo capaz de fazer aquilo. A partir daí, pode tentar fazer um esforço tremendo para não voltar mais a pensar naquilo e, pior, desenvolver comportamentos como evitar subir ou descer a escada junto com seu desafeto.

Há uma distância muito grande entre pensar, fantasiar e realmente fazer. Se ele de fato fosse um adolescente com desvio de conduta, já estaria planejando e implementando sua vingança — como infelizmente vimos acontecer naquele massacre de estudantes e professores feito por dois alunos da escola Columbine, numa cidade do Colorado, Estados Unidos, em 1999, tema do documentário Tiros em Columbine, de Michael Moore —, e não se preocupando, sentindo-se envergonhado e culpado por ter esses pensamentos, evitando até se aproximar do colega por medo de fazer-lhe algum mal.

No entanto, pelo sofrimento e pelo desconforto que trazem, causando até alterações no comportamento do adolescente, podemos dizer que esses pensamentos já adquiriram um caráter obsessivo. O jovem sente angústia e culpa ao tê-los, pois são desagradáveis e vão contra o que considera correto. São repetitivos, intrusivos e causam tremenda ansiedade. Quanto mais ele luta para não tê-los, mais os tem, e acaba se sentindo na obrigação de mudar seu comportamento para aliviar a angústia que sente.

Isso precisa ficar bem claro: é a partir desse ponto que se pode dizer que esse pensamento deixou de ser um daqueles pensamentos doidos e pouco usuais que todo mundo tem para transformar-se num pensamento obsessivo, que traz grande apreensão.

Um dos pensamentos obsessivos que provocam mais sofrimento é aquele cujo conteúdo envolve ferir alguém a quem amamos. A arquiteta Analice, de 36 anos, nos relata seu problema:

Eu já era um pouquinho ”sistemática” desde nova... Gostava das coisas bem guardadinhas e alinhadas. Depois que tive o Pedro, minha mania de só fechar as gavetas de talheres quando eles estivessem arrumadinhos piorou bastante. Mas meu martírio mesmo começou quando passei a pensar que, se fechasse a gaveta e alguma faca se deslocasse lá dentro, seria capaz de pegá-la e ferir meu filho. O mais desesperador é que sempre fui uma mãe paciente, super apaixonada por meu filho, que foi um bebê bem tranqüilo. Como, quando eu fechava a gaveta das facas, não conseguia ter certeza de que nenhuma faca tinha saído do lugar lá dentro, ficava abrindo e fechando a gaveta muitas vezes, porque, se não fizesse isso, me vinha à mente minha imagem, com a faca na mão, ferindo meu filho. Era horrível, horrível!

Hoje em dia ele é adolescente e não pára de fazer chacota desde que soube dessa história. De vez em quando ele me chama de Mamãe Jason. Mas quer saber? Agora que já estou livre disso também me junto a ele e dou boas gargalhadas.

Os pensamentos obsessivos estão intimamente relacionados com o medo. No entanto, o medo é um sentimento natural e saudável, cuja função é nos resguardar de maiores problemas. É bom que tenhamos medo de atravessar a rua com o sinal aberto para os carros, por razões óbvias. É esse medo que nos impede de arriscar nossa vida em um trânsito caótico, povoado de motoristas alucinados. Mas ter receio de sair de casa e andar na calçada por causa da remota probabilidade de ser atropelado no portão do próprio prédio é entregar-se a um medo irracional e infundado, que limita nossos movimentos e cerceia nossa liberdade de ação. Nesse caso, o medo deixa de ser útil e passa a ser irreal e nocivo. Não serve mais à função de proteção e ainda nos faz o desfavor de entravar nossa vida.

A pessoa que tem pensamentos obsessivos sofre deste último tipo de medo. Portanto, não podemos confundir as obsessões com medos comuns. Os medos da pessoa obsessiva podem ser semelhantes aos medos comuns e plausíveis, como o medo de bater o carro, mas ganham uma dimensão muito mais ampla se são erroneamente avaliados pela pessoa como tendo probabilidade muito maior de ocorrer, a ponto de fazer com que ela evite não só dirigir como entrar em qualquer veículo. A pessoa obsessiva pode também ter pensamentos e medos que consideramos bizarros, como o de ter engolido uma agulha quando estava pregando um botão. Ela sabe que não a engoliu, pois isso é impossível, mas ainda assim fica atormentada com a repetição desse pensamento, ganhando um medo irracional de lidar com quaisquer instrumentos de costura.

Superstições versus obsessões

Uma coisa importante é diferenciar as obsessões das superstições. No início deste capítulo descrevi dois casos típicos de superstições em nossa cultura apenas com o intuito de demonstrar como é comum que nos preocupemos com o significado que damos às coisas, com o que pensamos delas e como isso pode influenciar nosso comportamento. Contudo, as superstições não são indicativos de nenhum problema, pois são respaldadas e até reforçadas por nosso ambiente cultural. Algumas das mais comuns, símbolos de verdadeiro azar para a pessoa, envolvem cruzar com gato preto, passar debaixo de escada, quebrar espelhos, entrar com o pé esquerdo em algum lugar, ter os pés varridos, entre outras. São manifestações de comportamentos ritualísticos comuns a toda a humanidade, que variam de cultura para cultura. Mas o importante é que elas não tomam o tempo da pessoa nem a paralisam, não se tornam algo imprescindível de fazer, sem o qual a pessoa se sentiria intensamente angustiada e ameaçada.

Por outro lado, se a pessoa passa a checar a toda hora seus sapatos, que além de estarem na posição correta precisam ficar

perfeitamente alinhados, e mesmo após checá-los continua ansiosa e agoniada, voltando a conferir outras vezes, sob pena de algo ruim acontecer por causa do desalinhamento dos calçados, deve-se desconfiar de um pensamento obsessivo. Principalmente se a pessoa chega a perder tempo com isso, a ponto de atrasar-se para o trabalho e sentir-se angustiada, quase em pânico, se não conseguir certificar-se da posição dos sapatos. Aqui podemos afirmar que já deixou de ser superstição.

Para reforçar a diferença, lembremos o caso da pessoa que não conseguia dormir em paz enquanto a porta do armário estava aberta. O pensamento que ela teve não era obsessivo, na verdade era uma idéia supersticiosa, que causou um leve incômodo. Ela levanta, sentindo-se meio boba, fecha a porta, logo esquece aquilo e volta para o sono dos justos. Agora imaginemos que, ao fechar os olhos, ela comece a ser assaltada pela idéia de que a porta não foi bem fechada. Levanta e resolve passar a chavinha que tranca a porta. Volta para a cama e... começa a duvidar se realmente passou bem a chave. Levanta, destranca e tranca de novo a porta, para se certificar. Pode ser que ela esteja passando por uma fase estressante, com problemas no trabalho, e isso se reflita em comportamentos esquisitos assim, que com certeza ela não voltará a ter. Mas, se esses pensamentos voltarem a aparecer todo o tempo e ela se sentir assustada, temendo que alguém de sua família possa morrer, e a partir daí passar a verificar freqüentemente a porta do armário, não só à noite como também de dia, já podemos cogitar num caso de pensamentos obsessivos.

Obsessões mais freqüentes

É fundamental entender que existe uma grande variedade na forma de apresentação do TOC. Assim, observamos na prática clínica que as obsessões tendem a se apresentar em alguns grupos bem característicos. Para facilitar a compreensão desse transtorno, sua identificação e possibilitar que o máximo de pessoas possam ser ajudadas no alívio do intenso sofrimento que sua vida se

tornou, minha equipe e eu elaboramos um quadro das principais e mais comuns obsessões com exemplos fáceis de visualizar. Algumas envolvem medo de contaminação, dúvidas persistentes, blasfêmias religiosas e desejos agressivos, entre outros. Vamos a elas.

Obsessão de agressão: preocupação em ferir os outros ou a si mesmo, insultar, impulsos de agredir (como vimos no exemplo do adolescente irritado com o irmão e com o colega da escola), machucar o próprio filho (como era o caso de Analice) etc.

Obsessão de contaminação: preocupação constante com sujeira, germes, contaminação por vírus e bactérias, pó, apertos de mão, medo de ser contaminado em visitas hospitalares, velórios, cemitérios etc.

A pessoa se preocupa com a possibilidade de infectar-se e adquirir doenças como Aids, pneumonia asiática e leptospirose, entre outras. É claro que existe a possibilidade de contrair tais doenças, e é essa possibilidade que nos motiva a usar camisinha e evitar andar descalços por águas de aspecto sujo. Por outro lado, essa preocupação deixa de ser normal quando evitamos apertar as mãos das pessoas por medo de pegar Aids ou corremos loucamente de todo e qualquer cachorro, pois ele poderia ter brigado com um gato, que poderia ter brigado com um rato, que poderia ser transmissor da leptospirose. Como uma pessoa com pensamentos obsessivos exagera todas as probabilidades catastróficas, ela pode até deixar de sair de casa, uma vez que, seguindo esse raciocínio tortuoso, qualquer um poderia transmitir Aids e outras doenças fatais (só de estar no mesmo recinto que ela) e qualquer cachorro poderia carregar microorganismos causadores de doenças infecciosas, representando um risco mesmo se estiver passando do outro lado da rua.

Obsessão de conteúdo sexual: pensamentos persistentes de fazer sexo com pessoas impróprias ou em situações estranhas, pensamentos obscenos, imagens pornográficas recorrentes, impulsos incestuosos. Há casos em que o indivíduo evita sair de casa porque teme ficar olhando para a região genital das pessoas com

quem se encontra na rua ou fazer propostas indecorosas em voz alta a qualquer pessoa atraente que cruze seu caminho.

Obsessão de armazenagem e poupança: idéia fixa em colecionar ou não se desfazer de vários tipos de objeto. A pessoa não quer se desfazer de nada por achar que tudo poderá ser útil no futuro (embalagens, papéis velhos, jornais, revistas, tampinhas de refrigerantes etc.).

Obsessão de caráter religioso: pensamentos recorrentes de escrupulosidade, blasfêmias, pecado, certo/errado, de falar obscenidades na igreja. Como exemplos, podemos citar a criança que, após ter iniciado seu aprendizado em inglês, passou a ter pensamentos obsessivos de que God também é Dog, ou a mulher que não consegue parar de pensar que a imagem de São Sebastião, seminu e preso a uma tora de madeira, é bastante sensual.

Luciana, uma professora de 26 anos, conta os insistentes pensamentos que tinha quando se reunia com o grupo jovem de sua igreja:

Quando eu passava em frente ao altar onde havia uma imagem de Jesus crucificado, com apenas um pano enrolado em seu corpo, ficava tendo pensamentos se ele era como a gente, se ele tinha pênis, se fazia xixi... Aí, para meu desespero, me vinham todas aquelas imagens, ele fazendo xixi e ”sacudindo” depois, como os caras fazem. Ou com o que ele se limpava, se ficava com resto de comida entre os dentes... Desse pensamento já vinha outro: se ele comia fazendo barulho. Esses pensamentos me perseguiam, e eu ficava esperando pelo castigo que pudesse acontecer. A culpa ainda era maior porque eu não conseguia confessar isso ao padre, e eu achava que tinha obrigação de falar tudo. O que lembro é que ficava repetindo pra mim mesma: ”Perdão, meu Deus; perdão, meu Deus; perdão, meu Deus; perdão, meu Deus...”, uma infinidade de vezes.

Agora que estou melhorando, só penso de vez em quando assim: ”Obrigada, meu Deus; obrigada, meu Deus”. Mas meu terapeuta me dá altas broncas, diz que basta uma vez. Sei que ele está certo, mas esses pensamentos são mais teimosos que mula empacada.

Obsessão de simetria: idéias constantes de exatidão ou alinhamento de objetos, roupas, decoração etc. A pessoa tem uma sensação vaga de que é ”errado” ou ”incômodo” ver coisas desarrumadas e desalinhadas.

Obsessão somática: preocupação excessiva com doenças. Como as pessoas que sentem alguma dor no peito e já começam a pensar obsessivamente em alguma cardiopatia grave ou que sentem uma dor abdominal e têm pensamentos obsessivos de estar com um tumor intestinal.

Obsessão ligada a dúvidas: preocupação constante com o fato de não confiar em si mesmo, como não ter certeza se fez algo direito ou questionar-se se realmente realizou determinada tarefa (fechar a janela, deixar uma encomenda etc.).

Quem tem esse tipo de pensamento não consegue confiar em nada e precisa certificar-se repetidas vezes de que está tudo bem. Podemos citar como exemplo aquelas pessoas que checam várias vezes as fechaduras das portas e as bocas do fogão. Mesmo que já as tenham verificado algumas vezes, a dúvida persiste e elas não conseguem acreditar em si mesmas, começam a pensar que se enganaram ou não foram cuidadosas o suficiente — e, pronto, lá vão mais uma vez checar tudo de novo.

Essas checagens podem se repetir dezenas de vezes, impedindo a pessoa de ter uma boa noite de sono ou fazer outras coisas e causando atrasos e transtornos em sua vida cotidiana.

Afinal, imaginemos o tempo que ela perde quando está saindo de casa para o trabalho e se atrasa porque retornou inúmeras vezes para conferir se realmente a porta estava fechada... Os pensamentos obsessivos envolvidos aqui são de cunho catastrófico. Checar a porta serve para certificar-se de que nenhum ladrão invadirá a casa e verificar os botões do fogão serve para garantir-se de que a casa não vai explodir.

Pessoas com pensamentos obsessivos nem sempre têm mais de um tipo deles. Algumas costumam ter apenas de determinado tipo, que sempre estará relacionado a seus maiores medos e dúvidas. E é comum que o conteúdo dos pensamentos obsessivos

mude ao longo do tempo, passando por períodos de enfraquecimento e de intensificação.

Uma coisa muito importante que precisamos saber é que o fato de ter tais pensamentos não significa que seremos capazes de concretizá-los. Na verdade, eles se tornam obsessivos e nos perseguem justamente porque nos sentimos tão desconfortáveis e culpados de tê-los. Uma pessoa com obsessões agressivas sofre exatamente porque considera condenáveis a agressão e o conflito. Ela se sente tão mal com esses pensamentos e luta tanto para afastá-los da cabeça que acaba por tê-los repetidas vezes, apesar de saber que é incapaz de fazer mal a quem quer que seja.

O problema é que essa pessoa supervaloriza a importância dos pensamentos, a ponto de considerar que é tão grave tê-los quanto praticá-los, quando sabemos que do pensar ao agir há uma distância muito grande. Nesse ponto, o conceito religioso de que ”se peca mesmo em pensamento” é um desserviço à humanidade. Uma idéia como essa fará sofrer muito mais as pessoas que tendem a ter pensamentos obsessivos do que as efetivamente inescrupulosas, que não estão ”nem aí” se estão pecando e se o que fazem é certo ou errado.

O que é certo ou errado é algo que preocupa muito as pessoas que tendem a ter pensamentos obsessivos. Elas costumam ser conscienciosas, responsáveis, perfeccionistas e preocupadas com o bem-estar dos outros. Por isso sofrem tanto ao ter pensamentos que consideram tão alheios a si próprias e temem intensamente que o fato de tê-los poderá levá-las a causar dano a alguém. Na verdade, a pessoa com pensamentos obsessivos deveria se preocupar menos com eles e não lhes dar tanto crédito, pois não são eles que vão dizer o que ela é, e sim suas ações.

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É um capítulo importante sobre a parte obcessiva do TOC. Será que dá pra ser filósofa e ao mesmo tempo ter pensamentos intrusivos do TOC? Sei lá! Só sei que eu penso de mais...
Espero que seja esclarecedor. E lembro, quem quiser o livro me mande o e-mail com o pedido que eu enviarei assim que tiver um tempinho. Bjs!

Voltando...

Olá, pessoal! Fiquei um pouco afastada devido a correria da vida... Estou feliz, tive um final de semana muito bom, mas depois estive meio ruinzinha, mas já melhorei. Quanto ao TOC foi tomado por pensamentos que agora só pensam em duas coisas: em um menino, e na possibilidade deu estar com um tumor na hipófise. Mas só saberei mesmo depois do exame que já está marcado, mas vcs sabem como é, quem tem TOC sempre se preocupa de mais com o futuro, com o passado, ao invés de viver o presente, eu sou assim, fico imaginando o futuro e esqueço da vida. Mas a correria também acaba me deixando doida, pois se não estou pensando eu estou ocupadíssima, loucura total na faculdade, e no trabalho social que eu faço. Além de digitar as provas do colégio em que dou aula. Beijos pra todos e vou procurar um trecho do livro pra colocar aqui. Ana Beatriz Barbosa é simplesmente demais!!! Bjs!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Atualizando... Sintomas físicos!

Olá! Estive um pouquinho sem postar, para dar tempo das pessoas comentarem nas outras postagens... Mas neste pequeno período eu tive algo que fazia tempo que não tinha, os sintomas fisícos, mas graças a Deus estou melhorando, meu psiquiatra desmarcou e adiou minha consulta, minha psicóloga tmb desmarcou um dia e no outro não me atendeu de manhã, foi me atender a noite, então me senti uma rejeitada, rsrsrsrsrrs, mas já passou, mas foi antes disso, no dia emq ue minhas aulas na faculdade íam começar, na segunda-feira da semana em que voltaria de férias ao trabalho, fiquei tão nervosa, tremi, senti dor de cabeça, de barriga, coração acelerado, angústia, chorei muito, mas demorei pra conseguir soltar o choro que parecia preso dentro de mim, aff, foi horrível, e eu com minhas dúvidas de sempre (não consigo decidir as coisas, ainda mais sobre pressão ou nervosa - escolher roupa para mim é uma tortura), não sabia o que fazer, se ligava pra minha psicóloga, se tomava mais uma vez o ansiolítico (tomo 2 vezes por dia e se tiver nervosa devo tomar mais, porém minha mãe morre de medo que eu fique tomando este remédio), se estudava, se lia, se ouvia música (músicas espíritas, principalmente me acalmam), se rezava, ... Acabei tomando mais um ansiolítico e mandando uma mensagem pra minha psicóloga pois não queria atrapalhar. Mas depois liguei ou ela me ligou, não lembro, mas falei com ela, e já tava começando a melhorar. Cheguei bem mais tranquila a faculdade a noite. Hoje fiquei alegre com meus avanços na monografia e dei a tremer D+ novamente, eu não me entendo tremo pra tudo, tanto pra coisa ruim como boa, também já sei, devo ter ficado muito ansiosa pra saber a opinião da minha orientadora sobre o que eu tava escrevendo, e também tive um pesadê-lo esta noite gigante, tenho tido muitos pesadê-los, mas agora já estou dormindo melhor, não acordo mais várias vezes a noite, mas esse pesadê-lo dessa vez foi que foi! Estou extremamente acelerada, estou ouvindo meu mp4 agora com múesicas diversas, MPB, Tango eletrônico, Internacional, Rock, espírita, infantil, etc. Sou bem eclética! Acho que to meio surtada porque estudei de mais hoje, vou tomar um banho e visitar uma instituição de uma colega minha. Não tive um bom dia dos pais, pois meu pai com certeza não se lembra do meu "Feliz dia dos pais!", pois já não estava sóbrio quando consegui falar com ele. Não tenho grana pra comprar um presente pra ele, dessa vez não consegui fazer uma carta ou um cartão, como sempre faço, mas dei um beijo e uma abraço e espero que ele fique bem, que melhore do problema dele, rezo por ele todas as noites, mesmo assim me sinto culpada por não ter dado nada a ele. Mas meu dinheiro gasto tudo em remédio e médico, fazer o que?! Minha mãe não tá bem com ele porque ele tem bebido, não posso pedir a ela isso, não tenho cara. Eita, estou ouvindo agora Pais e Filhos, amo esta música, que coinscidência. Espero que quinta-feira meu psiquiatra me atenda, tenho tanto a falar com ele sobre os sintomas que venho tendo mesmo com medicação, principalmente na TPM. Vou nessa, que do jeito que eu demoro no banho, se eu não for agora, se não conseguir largar a Internet, eu não visito a instituição hoje. Bjs e melhoras pra todos, e obrigada pelos comentários, me sinto muito útil, podem deixar sugestões de temas para o blog, em breve postarei mais vídeos sobre o assunto, quem está atrás de informação veja postagens mais antigas, lá tem vídeos muito bons. Colocarei mais trechos do livro Mentes e Manias de Ana Beatriz para nós comentarmos. Volto quarta-feira pra fazer isso, se Deus quiser.
E só pra animar vocês, apenas uma vez na vida minha dúvida além de angústias me trouxe algo de bom: uma vez não conseguia me decidir entre 3 calças jeans, estava precisando comprar uma, mas não sabia qual das três que eu gostei eu comprava, minha mãe que tava comprando, ela não tem muito dinheiro, mas ficou tão irritada comigo que resolveu comprar as três. Amei! rsrsrsrsrsrrsrs
Fui...

domingo, 1 de agosto de 2010

Pensamentos Intrusivos

Para mim o pior no meu TOC são os tais pensamentos intrusivos. Não sei qual a religião de você leitor, mas a minha é espirita, e eu aprendi que Jesus nos ensinou a seguinte frase: Orai e vigiai, eu faço de tudo para cumprir isso, com todo o meu perfeccionismo, uso todas as minhas forças para orar e vigiar meus pensamentos e atitudes, mas é uma tarefa mais difícil do que tudo que eu já encontrei na minha vida. Vou exemplificar, eu agora já estou melhor, não penso mais em tantas histórias de morte, suicídio, doença, acidentes graves, etc. Isso ainda acontece, mas bem menos do que antes, mas mesmo assim ainda não me livrei dos pensamentos intrusivos, pois por mais leves que sejam atrapalham e muito o dia a dia. Eu as vezes quero ler um livro, ou fazer um trabalho da faculdade, aí vem um pensamento e entra na minha cabeça, e gruda que nem chiclete, eu tento substituí-lo, tento continuar a ler e não dar importância a ele, tento arrancar ele a força da minha cabeça, tento rezar, cantar, poucas vezes consigo que tudo isso dê certo, na maioria das vezes nada disso é suficiente para arrancá-lo de lá, eu to escovando os dentes, e viajo, sem nem reparar, em meus próprios pensamentos e quando retorno me assusto pois já se passou meia hora, uma hora, as vezes até muito mais. Eu to querendo orar e no meio da oração aparece uma música e eu começo a cantar, e depois lembro que to orando e continuo orando aí surge uma história, e eu tento continuar a orar, e vira uma luta, vira uma guerra, e eu tentando me libertar do pensamento e finalizar a oração, acabo as vezes falando "... me ajude, obrigada, amem, assim seja!" finalizo só pra não ser interrompida novamente. Eu detesto isso, as vezes penso que seria melhor morrer do que continuar com esses pensamentos me deixando louca, as vezes não sei como consigo ser a melhor aluna da turma e nunca entregar trabalhos atrasados, fico muito nervosa em não conseguir fazer as coisas por causa disso e quando eu to inspirada sem nenhum pensamento a me atrapalhar, surge uma briga na minha casa, ou meu pai alcoolizado querendo quebrar tudo, querendo discutir, querendo ver TV ou rádio no último volume, aí eu piro de vez, fico tão ansiosa que chego a pensar em suicídio e me machuco... Sei que nada disso se resolverá com minha morte, pois morte não existe, e terei que vencer isso até se estiver desencarnada, então não dá pra fugir, se eu to passando por isso, ou é prova, ou é espiação, ou é missão, ninguém tem algo que não mereça ter. Deus não nos dá uma cruz mais pesada do que podemos carregar, mas esses pensamentos, esses conhecimentos, desaparecem do cérebro na hora da crise, na hora do desespero, as vezes ouvindo músicas religiosas (espíritas, evangélicas, e católicas), eu ouço de tudo que é bom, acaba me ajudando a pensar melhor e lembrar dos conhecimentos e lutar contra os pensamentos ruins, ou as musiquinhas infernais que me atormentam. Mas tem momentos que nem isso resolve, e aí eu me pergunto, será que eu não sou forte o bastante, seré que eu não aprendi a lição, será que eu não tenho força de vontade, será que é culpa minha, será que eu terei consequências negativas por isso, será que eu vou sofrer mais ainda do que já to sofrendo??? Bate em mim um medo, uma tristeza, muitas perguntas, e eu penso, será que eu não to seguindo o que Jesus falou, não sei orar e me vigiar, por que eu não consigo??? Ninguém sabe o que é ter TOC, só quem tem sabe o quanto a gente sofre, e ainda tem que ouvir dos outros baboseiras preconceituosas e todos se afastam de vc porque vc é uma pessoa problema. Mas, agora, penso em tanto que já melhorei, em tanto que já alcancei, que ninguém repara, só reparam nas minhas crises, no que ainda não consegui vencer, porém ninguém vê minhas vitórias, minha luta incessante contra isso, ninguém percebe que todo o dinheiro que eu tenho é gasto em meu tratamento e não sobra nada, falta, e minha mãe com muito sacrifício tem que completar a quantia, e ainda pagar minha faculdade, que antes eu pagava, mas agora não dá pra pagar nenum nem o outro quanto mais os dois, e eu vejo gente da minha idade, namorando, saindo, se divertindo, ganhando mesada dos pais, comprando roupas, comprando brincos, sapatos, e eu com todos os meus tênis furados entrando água quando chove, e implorando pra minha mãe pagar uma blusa pra mim pra quando eu tiver dinheiro pagar a ela, eu cheia de tarefas aceitando qualquer bico pra ter algum dinheiro pra comprar um lanche que tem que durar o mês todo, e na verdade só dura no máximo duas semanas, e fico com fome na faculdade sentindo cheiro de salgado, e todos comendo na minha frente, eu vejo isso e penso, o que eu fiz na outra vida de tão grave pra ter que passar por isso? E ainda me pergunto, e porque eu to sofrendo se tem gente na África morrendo de fome e eu pelo menos tenho uma comida ruim da minha mãe pra comer, se tem tanta gente na rua sem família, e eu tenho uma casa, e uma família que eu amo muuuuuuuuuuuito por mais que eles me façam sofrer muitas vezes. Que direito eu tenho de reclamar da vida? E me lembro do vídeo/música "Offer", que quem quiser ver, tem o vídeo no meu blog pessoal que encontra-se na coluna a direita, lá em baixo, o último blog. Ou direto no youtube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=aYE_TdVo5FY&feature=player_embedded
Eu penso nisso tudo e não sei ter outra reação sem ser chorar e sorrir ao mesmo tempo.